quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Um dos meus espetáculos preferidos.

O tempo tem estado de chuva ou, trocado para gatês, ótimo para ficar no cesto a dormir. No entanto, fui até lá fora ver um dos meus espetáculos preferidos. A cadela anda pelo quintal a fazer o que lhe apetece. Ladra a quem passa, mas só aos que entende, corre atrás da cauda (os cães são tão estúpidos) e às vezes até vem com aquele focinho comprido na minha direção.A piada começa quando ela se lembra que há coisas que ficam melhor num canteiro do que flores. Como o cérebro dos cães é pequenino esta ideia ocorre-lhe com frequência.Pouco depois o meu dono vai também lá fora e exclama "pronto, já está". Mais um buraco no canteiro. Ainda o meu dono não gritou "Cuanza" já ela, adivinhando que era o seu nome que se ouviria, vai de orelhas baixas para a casota. O meu dono ralha com ela, pouco que ele não é de ralhar conosco, e quando se prepara para tapar o buraco já eu aproveitei a porta que ficou aberta para estar de novo no cesto. Por mais vezes que o veja, adoro este espetáculo.


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sou um gato de cor preta e pêlo longo e brilhante.

Sou um gato de cor preta e pêlo longo e brilhante. Vivo com o meu dono, a sua família, um irmão e uma cadela. Esta última é a minha maior concorrente em atenção do meu dono, mas eu até gosto dela. Há vezes em que volto das minhas voltas e ela ladra para chamar a atenção do meu dono que me vem abrir a porta. A casa é grande e ele passa horas enfiado na outra ponta, em frente a uma espécie de piano que em vez de som deita luz e às vezes também som. Depois vem o meu irmão, é o único que resta além de mim. Um dia conto a história da minha ninhada. Teve tanta sorte com o nome como eu, mas nunca atinou com ele. Por muito que o meu dono lhe ensinasse que se chamava Lorca ele sempre respondeu melhor ao som dos pratos. Não tenho muito a dizer da família, embora perceba que o meu dono gosta quase tanto deles como de mim. Do mais velho fujo a sete patas e da mulher só me chego quando a fome aperta, sei que se miar nas doses certas posso ganhar um belo petisco. Ao fim-de-semana vêm outros dois. Um deles se miasse seria tão gato quanto eu. A outra pessoa, com quem ele vem, pouco ou nada interfere na minha existência. O meu dono parece gostar muito destas pessoas, deve ser por serem todos arraçados do mesmo. Não há como não gostar do meu dono. Se não fosse ele eu teria provavelmente um nome foleiro, saberia bem melhor o que custam estas noites de inverno e nada disto se poria pois teria acabado no fundo dum balde cheio de água no primeiro dia de vida.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Se o meu dono falasse...

Se o meu dono falasse eu não precisaria deste espaço para nada. Poderíamos falar de imensas coisas, os dois. Dos livros que ele anda a ler e deixa pela casa que depois eu leio enquanto ele dorme, dos jogos cujos níveis difíceis eu passo enquanto ele faz uma pausa para ir à casa-de-banho ou do porquê de não me ter acontecido o mesmo que àqueles gatos que dos telhados vejo do lado de dentro das janelas e dos passeios que, graças a isso, dou nestas noites de janeiro. Discutiríamos questões mais sérias como o porquê de a minha tijela não estar constantemente cheia de comida ou ele sempre sentado por forma a que eu possa reposar no seu colo. Sei lá, tanta coisa que eu lhe diria se o meu dono falasse.